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Foto do escritorBárbara Tomiatti

Como transformei a experiência do Caminho de Santiago em uma metodologia única de Criação de Projeto

A você que chegou até aqui, minhas saudações calorosas! Lhe conto logo de cara que em muitos momentos faltaram as palavras para esta comunicóloga que sempre as transmite praticamente com a mesma facilidade com que respira.


Acontece que havia muito a ser dito. Tanto quanto há muito a ser silenciado. E foi no acalento do silêncio que busquei a inspiração para o tema, antes mesmo de dar início a esta publicação. Parei por alguns segundos, escutei a minha bússola interna - a intuição, e ela resgatou em minha memória a seguinte canção:




É assim, llena de ilusión y mucha alegria que deixo transbordar as recordações que carrego no peito, com o intuito de inspirar mais seres a percorrerem por este caminho sem volta: o de criar projetos, metodologias e jornadas com base em seus dons inatos e naquilo que lhes aponta o coração. É uma tarefa fácil? Eu diria que não é tão simples. Mas também não é difícil. Na tentativa de expandir esta perspectiva da dualidade, posso dizer que é uma escolha simplesmente única.


O Caminho de Santiago de Compostela é uma grande metáfora da vida. Um percurso onde muitas vezes se caminha só, em outras junto às companhias que você escolhe, nas demais as que o universo escolhe por você e vai do seu livre arbítrio querer que elas fiquem, ou deixá-las seguirem. A grande sacada é que TODAS deixam e levam algo. Todas impactam. Todas fazem parte de uma mesma jornada. Todas têm sonhos. Todas caminham. Cada uma a sua maneira e tirando suas próprias conclusões de cada segundo desta experiência transformadora.


Comigo não foi diferente, fui impactada a todo o momento com ensinamentos que transcendiam à nível cultural e interpessoal, deixando informações em cada célula do corpo de forma emocional e espiritual.

Me recordo com muito carinho da potência do encontro com o senhor Luiz. Era o meu segundo dia de caminhada e só ali eu percebi que minha mochila era inapropriada por não ter um apetrecho na cintura que fazia com que o peso não tensionasse os ombros, o que ocasionou consequentemente em fortes dores no joelho e me fez procurar pelo hospital mais próximo naquela bucólica zona rural de Portugal, próxima da cidade de Porto.


Parei para pedir ajuda e ele me ofereceu humildemente a sua bengala para que eu caminhasse com ela a partir dali e pudesse curar a dor dividindo o peso do corpo e deixando assim de tencionar os joelhos. Me deixando consumir pelo sentimento de culpa eu neguei aquele ato de bondade.


[Como uma corredora de 26 anos poderia tirar a bengala e desamparar um senhorzinho de 92?].


Observando a minha relutância e com um desejo paternal de ajudar-me, ele me fez esperar por um instante, entrou em sua casa e me trouxe uma bengala antiga. Fez questão que eu passasse a caminhar com ela e disse que se um dia eu tivesse a oportunidade de devolvê-la, era para voltar na hora do almoço para ele pudesse me preparar um grande banquete!


Tão mágica quanto a sua nobre atitude e convite, foi que a partir daí, as dores milagrosamente sumiram. Caminhei o quilômetro seguinte chorando aos prantos, em um misto de agradecimento, amor puro e energias muito elevadas. Naquele instante eu percebi que estava prestes a transformar a minha visão de mundo para toda a vida e é claro que isso me trouxe mais medo e ansiedade do que alívio e felicidade. Contudo, a sensação de profunda gratidão e a esperança me dominavam por inteira e equilibravam estes sentimentos. Foi por meio deste estado de sensações (e a intenção amorosa deste ser de luz que é o sr. Luiz) que pude seguir adiante.





Dezenove foi o número de nacionalidades com as quais eu tive um contato mais próximo durante o Caminho. Nos comunicávamos majoritariamente pelo inglês, espanhol e um idioma que ainda não tem um nome, mas é típico de pessoas que se encontram pelo caminho e que não têm um dialeto em comum. Descobri a partir daí que isso tampouco é necessário, pois a comunicação flui a um nível de alma. Este foi um dos motivos de eu chamar o meu empreendimento de Comunica com Alma. Quando a vontade de partilhar e colaborar é tamanha que nenhuma comunicação para além das almas se faz necessária.


Outra curiosidade é que a logomarca também foi inspirada nesta experiência, onde pela primeira vez eu vi de perto uma passiflora. Ela se apresentou para mim por meio de uma educadora social e grande amiga alemã, que me chamou para contemplar aquela beleza. Nós nos conectamos desde o primeiro dia, no primeiro albergue, antes mesmo de sairmos para caminhar - foi assim com a Mary e também com a flor da paixão.





Dar vida a uma Consultoria de comunicação com fins sociais era o meu desejo desde antes do Caminho, mas foi a partir dele que o projeto começou a tomar forma e ser desenhado. A Comunica com Alma tem muito da base racional de estudos acadêmicos, mas ouso dizer que sua estrutura foi baseada em experiências para além dos aprendizados em sala de aula.


Honro a todas as mestras e mestres que por meio da escola, da faculdade de comunicação brasileira e da universidade pública espanhola contribuíram com ensinamentos que me trouxeram a confiança profissional de lançar um empreendimento para o mercado. Honro também as mestras e mestres que por meio de um toque, uma palavra, uma canção, um presente ou uma história me impactaram e me transformaram durante os meus caminhos.


Acredito no poder da comunicação com alma para que possamos transbordar e trazer o sagrado de cada encontro que nos transformam e nos fazem ser quem somos. Esta é a primeira das histórias que quero expandir nesta rede, com o intuito de transmitir toda a gentileza e genuinidade que paira nas almas humanas as quais tive o privilégio de criar memórias.



Se quiser conhecer mais histórias sobre esta experiência, te inspiro a assistir esta entrevista com um amigo peregrino, grande companheiro de missão e caminhos, Tico Marcondes:




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